
Lava jatos localizados na Estrada do Curralinho reclamam de aviso para saída imediata do local; entenda
13 de junho de 2022Proprietários contam que foram notificados para deixar o terreno no sábado (11), no mesmo dia e sem aviso prévio.
Fonte: Redação | Fotos: Redação

Proprietários de lava jatos e oficina mecânica que ocupam o terreno público localizado na Estrada do Curralinho, na Boca do Rio, reclamam que foram notificados para saírem do local imediatamente, sem aviso prévio. A ordem teria sido emitida no sábado (11), para cumprimento imediato. Eles acreditam que a retirada esteja relacionada com as obras de requalificação da região, cuja ordem de serviço foi assinada pela prefeitura na terça-feira (7).
De acordo com José Ivo de Oliveira França, 38 anos, proprietário de um dos lava jatos localizados no terreno, a ordem para sair do local veio através de uma notificação preliminar, emitida pela Secretaria de Ordem Pública (Semop).

“Estou aqui há 12 anos e isso já aconteceu antes — mandarem a gente tirar as coisas e deixar a área limpa — . Mas dessa vez é pra remover. Tudo bem que é pra melhoria da região, mas como é que dá prazo de um dia pra sair? Deram a notificação no sábado pra sair no mesmo dia. E as contas do mês que a gente tem pra pagar?”, questiona.
Segundo informações da prefeitura, a Semop não realiza desapropriações e o projeto de requalificação da região ainda está sendo elaborado. Nesta segunda-feira (13), o BDRM entrou em contato com a Semop para esclarecimentos sobre estas notificações e aguarda um posicionamento com relação às reclamações.
Outros trabalhadores ouvidos relatam que não foram informados dos motivos da ordem emitida no sábado. “Recebi notificação no sábado pra sair no próprio sábado. Pegaram nosso nome e telefone e não disseram mais nada. Eu só tenho essa renda daqui, não sei o que vai ser da minha vida, estou tão preocupado que nem estou conseguindo dormir direito. Tenho dois filhos, esposa e ainda moro de aluguel.”, reclama Alexandro Santos Lessa, que trabalha no local.
Situações similares
O mecânico Vivaldo José dos Santos Nunes, 47 anos, que trabalha no local há 22 anos, conta que também recebeu a notificação da Semop para saída imediata no sábado. Ele conta já ocorreram outras situações similares, em que a prefeitura tentou retirar os lava jato do local.

“Da última vez foi há mais ou menos quatro anos. Eles chegam e nem conversam. Vem com a Semop, pegam nossas coisas, objetos que a gente compra com nosso suor, e querem levar de qualquer jeito, como se a gente fosse cachorro. A gente não tá traficando, não tá vendendo droga não, tá todo mundo trabalhando”, reclama.
De acordo com as informações dos comerciantes locais, todos os donos de lava jato, a partir da região da ladeira da 9ª Delegacia, até o final da via, foram notificados para deixar o terreno no sábado. Eles calculam que pelo menos cinquenta pessoas trabalham nos locais, entre proprietários e funcionários, e todos serão afetadas caso os serviços sejam fechados.

“A gente vive disso aqui. Comigo trabalham cinco pessoas, dois profissionais e três auxiliares. Eu sei que aqui vai ter uma reforma, mas a gente quer saber pra onde é que a gente vai”, ressalta Vivaldo.
“Aqui sou eu e mais duas pessoas trabalhando. Ali é um e mais quatro, lá na frente mais seis… se for contar, aqui no mínimo dá 50 pessoas trabalhando. Só nesse pedaço (lado direito da via, a partir da ladeira da 9ª Delegacia) onde todo mundo foi notificado. Não podem, sei lá, cadastrar um auxílio pra gente continuar pagando as contas? Não fomos informados de nada sobre isso”, questiona José Ivo.