Alunos da escola Agnelo de Brito projetam futuro de Salvador no aniversário da cidade

Alunos da escola Agnelo de Brito projetam futuro de Salvador no aniversário da cidade

31 de março de 2023 0 Por Livia Tomé

Em comemoração aos seus 474 anos, alunos das escolas Maria Felipa e Agnelo de Brito falaram sobre perspectivas para a cidade nos próximos anos

Fonte: A Tarde | Rafaela Souza | Foto: Matheus Calmon

Salvador chega aos 474 anos nesta quarta-feira, 29, e a data gera reflexões e perspectivas para o futuro da cidade. Tendo em vista o papel transformador das crianças e suas vivências na capital baiana, um grupo de estudante da Escola Municipal Agnelo de Brito, na Boca do Rio, e da Escola Afro-brasileira Maria Felipa, localizada no bairro do Garcia, conversaram com o Portal A Tarde.

Os participantes da Escola Municipal Agnelo de Brito: Davi Santos, de 10, futuro jogador de futebol; Eli Asafe Carvalho, de 10, futuro cientista e inventor; Luna Vitória Lima, de 10, futura médica cirurgiã; e Nicolas Macedo, de 10, futuro empresário e jogador de futebol.

Já os convidados da Escola Afro-brasileira Maria Felipa são: Clara Soares, de 7 anos, futura médica veterinária; Gabriel Hipolito, de 9, futuro advogado; João Vitor Gonçalves, de 11, futuro advogado; e Jonas Gustavo Silva, de 12, futuro jogador de basquete.

Além da presença dos alunos, as pedagogas e professoras das instituições, Juliana Santana, e Mariana Patrocínio, respectivamente, também participaram da discussão. Em relação aos temas abordados no bate-papo, as crianças falaram sobre o que mais gostam em Salvador e o que esperam do desenvolvimento da cidade, entre outras impressões. 

Confira algumas respostas dos ‘herdeiros do futuro’ da capital baiana:

O que você mais gosta em Salvador?

Clara Soares: Praia. Eu vou nos feriados, já que moro no Farol da Barra. A minha casa é aqui e a praia tá aqui. Aí nos feriados, minha mãe gosta de ir. Eu gosto da comida.

Davi Santos: Eu gosto dos shoppings, dos mercados, da minha casa, das praias.

Eli Asafe Carvalho: Eu gosto do metrô, do shopping, dos cinemas, das escolas também.

Gabriel Hipolito: Eu gosto muito das praias, da comida nativa e ancestral daqui. É muito bom morar em Salvador.

João Vitor Gonçalves: Eu gosto de ir para o Farol da Barra, também em Piatã, Itapuã. Eu gosto do Pelourinho. Gosto de tudo da cultura de Salvador.

Jonas Gustavo Silva: A cultura, a lindeza que Salvador tem, o Carnaval.

Luna Vitória: O carnaval é muito bom. E da nossa cultura, a dança.

Nicolas Macedo: Lugares turísticos, restaurantes, comidas típicas, praias, lugares de passear.

Se fosse um governante, o que faria para melhorar a cidade?

Clara Soares: Eu queria que o mundo fosse mais limpo e também os animais, as pessoas respeitassem mais os animais.

Davi Santos: Mais shoppings, mais casas, mais praias, mais mercados.

Eli Asafe Carvalho: Mandaria fazer coleta de lixo nas praias e na cidade, mais farmácias, escolas, ajudaria os pobres dando algum dinheiro a eles.

Gabriel Hipolito: Eu ia botar carros voadores para poluir menos o meio ambiente, aumentar o salário mínimo, diminuir o preço das coisas, não deixar os hospitais ficarem lotados e acabar com a violência.

João Vitor Gonçalves: Eu iria mudar os prédios, colocar mais grama, plantar mais árvores. Ia deixar tudo bonito, maravilhoso. Iria doar todo o dinheiro para os pobres.

Jonas Gustavo Silva: Iria melhorar a acessibilidade porque eu ando aqui na rua e vejo que tem pouca acessibilidade e iria melhorar muito para as pessoas com deficiência (PCDs).

Luna Vitória Lima: Eu gostaria de mudar mais atendimentos em UPAs, tem gente que chega 5 da manhã e 6 da tarde ainda não foi atendido.

Nicolas Macedo: Mais hospitais, mais casas, mais UPAs, pois tem mais pessoas sofrendo também. Mais restaurantes, reformar as estradas, botar postes nas ruas.  

O que você quer ser quando crescer?

Clara Soares: Veterinária. Porque eu gosto dos animais.

Davi Santos: Jogador de futebol.

Eli Asafe Carvalho: Cientista e inventor. Tenho muitas ideias muito divertidas que por enquanto criança só vai ter na minha imaginação. Posso inventar carros que se movem com o próprio lixo, já imaginou? Se tem muito lixo, ao invés de jogar fora ou no mar, bota dentro do carro como combustível. Isso melhoraria muito o mundo.

Gabriel Hipolito: Advogado. Porque minha mãe, minha segunda mãe, meu avô, meu pai são advogados. É muito advogado na minha família.

João Vitor Gonçalves: Advogado.

Jonas Gustavo Silva: Jogador de basquete

Luna Vitória Lima: Cirurgiã geral. Porque é um negócio que eu sempre me apaixonei pela medicina. Vejo tantas pessoas que não conseguem cirurgia porque não tem dinheiro. Hoje em dia quem tem mais dinheiro tem mais prioridade. Até a medicina tem preço. Hoje em dia tem hospital particular. Quem não tem dinheiro, vai em uma clínica, tem que marcar, é um processo muito grande, a pessoa está precisando muito e não vai conseguir na hora.

Nicolas Macedo: Jogador de futebol e empresário. Me divirto jogando bola. Quando for dia de jogo, eu vou jogar. E vou ser empresário também quando não estiver jogando.

Também questionada sobre o futuro de Salvador, a professora da Escola Municipal Agnelo de Brito, Mariana Patrocínio, acredita que a capital baiana está em boas mãos levando em consideração a postura dos seus alunos. Embora haja otimismo para o que está por vir, a pedagoga traz um alerta para a importância de manter a motivação no presente e no investimento na educação.

“Eu acho que o futuro está na mão das crianças. Então, a gente tem que trabalhar hoje para que a cidade continue sendo importante, mas, que acima de tudo, a gente veja como está indo a educação. Os professores estão sendo valorizados? O que as crianças querem hoje e precisam? Eu, como mãe, fico pensando muito, como será o futuro? Hoje a gente está aqui. E amanhã, como será? A gente está vendo essas crianças indo no caminho certo? A gente está escutando as crianças ou só está querendo que elas fiquem enfileiradas e ouvindo o que a gente está dizendo? Essas sementinhas de hoje, como a gente está semeando, cultivando para o amanhã?”, aponta.

Ainda de acordo com a professora, além da preocupação com o presente, o passado é uma peça relevante para pensar no futuro da capital baiana.

“Eu sempre costumo dizer que o futuro é ancestral. Tudo que a gente quer para o futuro. Tudo que a gente quer para o futuro, tem que buscar na ancestralidade, valorizar e honrar quem veio antes da gente para que no futuro isso se concretize. A gente não pode achar que veio do nada. Salvador, que é uma cidade bem baseada nessa questão da ancestralidade negra, também precisa ver isso. Não é só musicalidade, espiritualidade, mas é tudo que a gente construiu, nosso jeito de ser, de fazer as coisas aqui, isso também seria importante para o futuro”, argumenta.