Notificações da dengue em Salvador aumentaram 190% em comparação a 2021

Notificações da dengue em Salvador aumentaram 190% em comparação a 2021

22 de dezembro de 2022 0 Por Marcelo Garcia

Bahia tem alta de 46,8% em relação 2021 e onda segue registros do Ministério da Saúde

Fonte: A Tarde | Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE

Os números de notificações de dengue em Salvador aumentaram 190% neste ano em comparação a 2021, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A onda de casos segue os registros feitos pelo Ministério da Saúde que detectaram um acréscimo de 168% nos casos de infecções da doença no Brasil, entre janeiro e dezembro deste ano, quando comparado ao mesmo período de 2021. Ao todo, mais de 1,4 milhão de pessoas já contraíram dengue este ano no país.

Segundo Ceuci Nunes, infectologista e diretora do hospital Couto Maia, o aumento das notificações de dengue pode estar relacionado à alta demanda gerada pela pandemia de Covid-19. “A pandemia fez com que todos os esforços da saúde pública estivessem voltados para a Covid-19 e isso desmobilizou o controle da dengue e de outras doenças transmissíveis”, diz.

Assim, ela afirma que as tradicionais campanhas de conscientização que alertam para o descarte indevido de lixo nas ruas e o armazenamento incorreto de água ficaram esquecidas.

Na Bahia, foram notificados 53.196 casos suspeitos, em 356 municípios, entre 2 de janeiro e 8 de outubro deste ano. Segundo números dos boletins epidemiológicos da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), esse número é superior em 46,8% ao ano de 2021, quando os casos notificados constavam em apenas 23.032, neste período.

Enquanto que na capital baiana a tendência de aumento também se repetiu. Dados da SMS mostram que no período de dois de janeiro a 17 de dezembro do ano passado, a pasta registrou 689 notificações em Salvador. Já em 2022, notificou 2002 casos da doença neste mesmo período, representando um aumento de 190%.

Das mais de 53 mil infecções no estado, 54,7% foram da dengue mais leve, denominada como dengue clássica, seguida por 0,7% de casos do estágio com sinais de alarme, 0,1% do nível mais grave e 39,8% casos inconclusivos. “Tem a questão individual [em relação ao tipo de dengue], mas tem também uma outra questão que é [o fato de ter] quatro tipos de vírus da dengue. Quem já teve dengue de um vírus e adquire outro, tem a possibilidade de ter quadros mais graves como a dengue hemorrágica”, afirma Ceuci.

Para a infectologista, a tendência é que as notificações continuem aumentando devido a chegada do verão. “O vírus gosta do clima tropical, de alta temperatura e tem todas as questões do armazenamento de água em casa, que ajuda a proliferar o mosquito”, diz.

Combate ao mosquito
Segundo a subcoordenadora de arboviroses do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Cristina Guimarães, o verão é o período que ocorre maior infestação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, devido às altas temperaturas e a ocorrência de chuvas mais rápidas. Por isso, neste período, os agentes de endemias intensificam os trabalhos de remoção de criadouros.

Ela conta que a atividade ocorre de forma preventiva e contínua, começando antes mesmo do verão chegar. “Em setembro, fizemos um plano para inspecionar os estabelecimentos que seriam zonas eleitorais. Em outubro, os agentes inspecionaram os cemitérios para verificar a existência de criadouros e mandamos uma equipe especial para borrifar inseticida onde existia um número elevado de mosquito adulto”, afirma Cristina.

Para além da ação da prefeitura, a subcoordenadora enfatiza que é essencial a participação da população. “De acordo com estudos, foi constatado que 80% dos focos se encontram dentro dos imóveis. Então, a gente pede essa conscientização para que eles verifiquem, ao menos uma vez por semana, se dentro do imóvel tem algum recipiente favorável à proliferação [do mosquito]”.

Entre os principais cuidados para se ter dentro de casa, Cristina destaca a verificação e limpeza de tonéis, caixas d’água, bebedouros de animais e vasos de plantas, assim como destinar adequadamente do lixo. Ele ainda alerta que é possível contatar a prefeitura a partir do número 156, caso a população observe áreas em que o morador não consiga fazer a inspeção ou a limpeza do local.

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