
Artigo do psicólogo Bruno Barbosa esclarece dúvidas sobre a saúde mental no trabalho e como prevenir a Síndrome de Burnout
30 de setembro de 2022Para reforçar a campanha ‘Setembro Amarelo’, o BDRM tem publicado textos de psicólogos atuantes na Boca do Rio; confira.
Fonte: Redação | Foto: Reprodução

O mês de setembro é um período do ano dedicado para tratar temas de saúde mental e esclarecer mitos sobre o suicídio. Com isso em vista, o Boca do Rio Magazine (BDRM) tem publicado uma série de textos produzidos por psicólogas e psicólogos do bairro, com objetivo de ampliar os espaços onde é possível falar sobre o assunto de maneira aberta e responsável. O nosso terceiro convidado é o dr. Bruno Barbosa Magalhães (CRP-03/20052), atuante na área clínica e palestrante. Confira o texto abaixo, na íntegra:
Leia também: Artigo da Psicóloga Noeme Vale reforça ações em prol da saúde mental; confira
Caros Leitores! Como Vocês estão? Torço para que esteja tudo bem, caso não esteja, espero que possa iniciar um processo de melhora em sua vida o mais breve possível.
Sou Bruno Barbosa Magalhães, membro do projeto PsiLivr3s, junto com a colega Psicóloga Noeme Vale, ambos moradores da nossa bela Boca do Rio. Diante deste plano chegamos a uma conclusão, depois de pensar um pouco a respeito da nossa comunidade, que tem um comércio bem diversificado, decidimos falar sobre transtornos que podem nos atingir dentro dos nossos trabalhos, e também interferindo em nossas casas, tanto aqueles que são empregados quanto os que são empregadores.
Parece extremamente relevante pensado assim, mas como podemos prevenir e procurar ajuda quando nos deparamos com certas adversidades?

Há vários fatores que podem desencadear perigos para a saúde mental, como violação dos direitos humanos, discriminação social, violência, exclusão de gênero, as rápidas transformações na sociedade, – como a recente pandemia de COVID-19 e todas as consequências do isolamento, perdas e sequelas dos que foram contaminados –, e outros.
Tudo isso interfere em nossas vidas e pode acabar levando aos distúrbios psicológicos ou o agravamento de quadros de depressão, ansiedade, estresses e etc… Mas uma delas vamos abordar mais especificamente neste artigo: AS ESTRESSANTES CONDIÇÕES DE TRABALHO.
Os riscos psicossociais referem-se ao que abala a saúde mental, física e social do trabalhador. O desequilíbrio entre as exigências inerentes a um cargo/trabalho e a capacidade/habilidade do trabalhador para enfrentá-las também pode ser uma fonte de estresse.
Mas o que é o Estresse?

Segundo Marilda Lipp (1984), na abordagem cognitivo-comportamental, o estresse é
“uma reação psicológica, com componentes emocionais físicos, mentais e químicos, a determinados estímulos que irritam, amedrontam, excitam e/ou confundem a pessoa” (op. cit., p. 6). De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 90% da população mundial sofre com o estresse. E no Brasil, a preocupação também é grande. Segundo um levantamento da Associação Internacional do Controle do Estresse (ISMA), já somos o segundo país do mundo com mais estressados.
Sintomas, sinais de alerta do estresse:
- Pressão Alta;
- Gastrite;
- Úlceras;
- Fuga do trabalho (Absenteísmo);
- Baixo desempenho;
- Fadiga;
- Ansiedade;
- Depressão;
- Acidentes no trabalho;
O estresse prolongado, como discussões frequentes no trabalho ou em casa, podem levar à depressão porque faz com que o indivíduo passe a duvidar dele mesmo e das suas capacidades.
Situações desgastantes no ambiente de trabalho, e/ou no desempenho das atribuições do trabalhador, carga horária de trabalho exagerada, pessoas que trabalham diretamente com o público, assédio moral, sexual, contribuem para o estresse contínuo. Todas essas ocorrências podem culminar em algo mais grave, a Síndrome de Burnout, ou Síndrome do Esgotamento Profissional.

Com a nova classificação da OMS, em vigor desde o dia 1 de janeiro de 2022, O Burnout passou a ser definida como uma doença ocupacional. Agora, a síndrome deixa de ser considerado um problema de saúde mental e passa a ser definida como “estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso”.
Características da Síndrome de Burnout:
– Falta ou esgotamento de energia, entusiasmo, sentimentos de exaustão;
– Aumento do distanciamento mental do próprio trabalho, negativismo ou cinismo relacionados ao próprio trabalho, a despersonalização, passar a tratar os colegas, a organização e clientes como objetos, e
– A redução da eficácia profissional, com a diminuição da realização pessoal do empregado e a tendência do indivíduo se auto avaliar de maneira pessimista;
Ainda pode ser observado;
– Oscilações de humor e irritação constante;
– Momentos de tristeza e dores de cabeça frequentes;
– Somatização, insônia, ansiedade excessiva.
O que deve ser feito para motivar a prevenção das doenças psicossociais e deve ser prioridade para as organizações?
1° Temos como hábito abrir conversas sobre como as pessoas estão se sentindo diante dos propostos desafios atribuídos?
2° Construímos relações seguras para que as pessoas falem abertamente como estão se sentindo e peçam ajuda?
3° Como vemos as pessoas que pedem ajuda ou expressam suas dificuldades e/ou suas emoções?
4° Somos capazes de identificar conflitos e gerenciá-los buscando uma solução funcional?
5° Como lidamos com as pressões e pedidos externos versus a capacidade interna de entrega?
6° Somos capazes de negociar melhores prazos e escopos versus a capacidade de entrega das pessoas que trabalham na organização?
7° O que estamos, como organização, dispostos a abrir mão para que os profissionais não adoeçam?
E o que fazer além do ambiente de trabalho que pode me ajudar, enquanto trabalhador?
– Participar em atividades de lazer com amigos e familiares;
– Fazer atividades que “fujam” à rotina diária como passear, ir ao cinema, restaurante;
– Evitar o contato com pessoas “negativas/tóxicas” que estejam frequentemente reclamando dos outros, do emprego;
– Conversar com alguém de confiança sobre o que se está sentindo;
– Além disso, praticar exercício físico, como caminhada, corrida ou ir à academia, por pelo menos 30 minutos por dia, também ajuda a aliviar a pressão e a aumentar a produção de neurotransmissores que aumentam a sensação de bem-estar.
Mesmo tomando todas essas cautelas e prevenções, se os sintomas continuarem afetando seu desenvolvimento sem nenhuma melhora, é imprescindível a busca por ajuda de profissionais especializados: médicos, psiquiatra, psicólogos são os mais adequados para uma solução mais eficaz.
Referencias:
- http://www1.imip.org.br/imip/noticias/oms-estima-que-estresse-atinge-cerca-de-90-da-populacao-mundial-saiba-como-combatelo.html online [Recurso Eletronico] 21:22 – 18/09/22
- https://crescimentum.com.br/burnout-a-doenca-de-2022-saiba-como-evitar/#Mudancas_na_OMS Online [Recurso Eletronico] 22:23 – 18/09/22.
- Lipp, M. e. N. (1984). Stress e suas implicações. Estudos de Psicologia, Campinas, v.1, n.3 e 4, p. 5-19, ago/dez.