Boca do Rio é importante na cena do kickboxing e do full contact na Bahia; entenda

Boca do Rio é importante na cena do kickboxing e do full contact na Bahia; entenda

3 de junho de 2022 1 Por Rebeca Almeida

Essas modalidades de artes marciais foram trazidas para o estado nos anos 90, e tem atletas de destaque que moravam e treinaram no bairro por muito tempo.

Fonte: Redação | Fotos: Redação

Nelson comanda o ‘Nelsão Team’

Paulo Pinho, 58 anos, morou na Boca do Rio por cerca de quatro décadas. Ele foi aluno de Paulo Araújo, atleta que trouxe o kickboxing para a Bahia.

Depois de se graduar faixa preta, Paulo Pinho se tornou mestre de Ednelson Barbosa (Nelson), 48 anos, que chegou na Boca do Rio ainda criança. Durante a juventude ele se tornou faixa preta em kickboxing e em full contact, foi campeão brasileiro, regional e estadual. Atualmente Ednelson dá aulas na academia Natural Art, na Boca do Rio.

O Boca do Rio Magazine (BDRM) conversou com os dois campeões do bairro para conhecer mais das suas histórias de vida e entender melhor sobre a arte marcial, confira:

A luta e os atletas

Kickboxing é derivado do karatê, que une elementos do boxe com diferentes tipos de chute.

A técnica reúne diferentes modalidades de luta, sendo que uma delas recebe o nome de full contact, que é quando os atletas podem utilizar técnicas de mão do boxe tradicional e todos os tipos de chutes, que atinjam o adversário da cintura para cima, entre o tronco e cabeça. Nessa modalidade também é permitido nocaute.

A luta foi desenvolvida nos EUA, a partir de atletas do karatê, arte marcial sem contato direto entre os oponentes, que desejavam justamente maior contato físico durante os combates. Por isso os atletas do full contact utilizam protetores de perna e outros acessórios para se proteger.

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Ednelson, mais conhecido como Nelson ou Nelsão, foi campão baiano de Kickboxing e de Full Contact. Ele começou a lutar em 1994, primeiro treinando boxe, depois migrando para o Kickboxing.

“Mudei para o Kickboxing porque senti eu que tinha um sincronismo melhor entre braços e pernas, mas não deixei de lado o boxe”, afirma.

Nelson conta que lutou apenas uma vez em uma competição oficial de boxe, mas participou de diferentes campeonatos de Kickboxing. Ele foi campeão brasileiro, norte-nordeste e baiano. Até hoje é invicto (não foi derrotado por nenhum outro lutador).

O mestre de Nelsão

Pedro Pinho foi treinador de Nelson

Como dissemos no começo, Nelson foi treinado por Paulo Pinho, que morou por cerca de 45 anos na Boca do Rio. Paulo chegou no bairro ainda menino, com de 8 anos de idade. “Nessa época as casas eram todas distantes uma da outra. Meu pai ganhou um terreno que era tipo um sítio, eu adorava”, lembra.

Foi durante a juventude que adentrou no mundo das artes marciais. O que começou como uma alternativa para o futebol, esporte com o qual não conseguiu criar muita afinidade, virou um estilo de vida, sobretudo no campo profissional.

“Em apaixonei pelas artes marciais por causa de filmes e livros de kong-fu que assistia quando ainda era menor de idade”, lembra.

Por volta de 1988 ele começou a treinar diferentes modalidades de luta, através do convite de um colega. Fez boxe, capoeira, full contact e por fim goshin-jutsu, modalidade do judô que reúne técnicas de defesa pessoal.

“Fui aluno de Paulo Araújo, quem trouxe o kickboxing para a Bahia, depois de se graduar em São Paulo. Treinei diferentes tipos de luta por cerca de 20 anos, ganhei alguns títulos e me profissionalizei”, conta.

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Atualmente Paulo é representante do kickboxing no estado, através de uma confederação no sul do Brasil. Ele é quem aplica os exames de faixa dos novos lutadores. Além disso, também atua como instrutor em cursos para segurança privada, carreira em que se desenvolveu e que dialoga com as artes marciais.

“Para atuar na segurança, seguimos diferentes graus de intervenção, que começa sempre evitando contato físico. Um dos últimos recursos é a luta. É necessário muito controle emocional, o que desenvolvi através das artes marciais”, explica.

Falta de apoio

Assim como várias modalidades esportivas, o kickboxing sofre com a falta de apoio para os atletas, patrocínio e divulgação. A situação deixa triste quem dedicou tantos anos para se desenvolver no esporte.

“Muitas vezes a gente queria ir competir em outros estados e ficávamos pedindo ajuda para poder pagar passagem, hospedagem. Não tínhamos patrocínio e, infelizmente, as pessoas não prestigiam os eventos”, relembra Paulo.

“Esse problema da falta de apoio atinge não só o kickboxing mas todas as artes [marciais]”, lamenta Nelson. Mas o mestre ainda tem esperanças de uma maior visibilidade para as lutas no estado.

“A participação do boxe baiano nas Olimpíadas de T´óquio [em 2021] pode trazer uma visibilidade que é sempre bem vinda”, conclui.