Carnaval de Salvador: Presidente do Comcar vê dificuldade para mudança de circuito em 2023

Representante da prefeitura avisa que decisão será técnica. Reunião na terça vai apontar o que pensam entidades ligadas à festa.

Fonte: g1 BA | Foto: reprodução

A novela sobre a possibilidade de mudança do circuito Barra-Ondina, um dos principais do carnaval de Salvador, para a orla da região do Centro de Convenções, na orla atlântica da cidade, ganhará um novo capítulo nesta terça-feira. Isso porque, o Conselho do Carnaval, o Comcar se reúne e deve, ao menos, indicar um sinal verde ou vermelho para a mudança em 2023.

A assembleia marcada para esta terça-feira (26) contará 32 integrantes do conselho que têm direito a voto. De associações de artistas, donos de trio, de camarotes a entidades da segurança pública, da saúde e da imprensa participam do debate.

No entanto, a Empresa Salvador de Turismo (Saltur) da prefeitura destaca que a assembleia desta terça não resultará em uma decisão imediata. Além disso, o Comcar é consultivo, ou seja, a prefeitura de Salvador não tem obrigação de acatar a decisão tomada pelo conselho.

“(A mudança) está em discussão. Não há expectativa de uma votação. O que está sendo discutido é iniciar os estudos para que sejam apresentados opções, contribuições, para aí sim, até o final de agosto, os técnicos se debruçarem para aí sim, avaliar entre prós e contra. O carnaval é muito maior do que a discussão sobre um circuito”, disse Isaac Edington, presidente do órgão.

“Já existe um pré-julgamento sobre o que está acontecendo. Muita calma nessa hora. Vamos aguardar o que deve ser tomado pelos técnicos após serem concluído os estudos, e depois passar pelo prefeito. É preciso descontruir isso de decidir algo nesta terça. Não é isso”, afirmou Isaac.

“É preciso ter calma para se polemizar a partir de um circuito. Artistas se manifestaram que são contra, mas também falaram que não conhecem o projeto, então como pode ser contra algo que nem conhece? Temos que pesar os pró e contra e decidir o que é melhor para a cidade e não para grupo A ou B”, disse.

No último final de semana, Bell Marques, um dos principais nomes do carnaval baiano, se mostrou contrário à mudança já em 2023. Ele defendeu a realização de um teste antes da mudança ser efetivada, o que poderia acontecer em anos posteriores.

A ideia de Bell é parecida com a do presidente do Comcar, Joaquim Nery, que também preside a Central do Carnaval, acredita que a mudança teria dificuldades em ser aprovada já para 2023.

“Do ponto de vista estrutural é difícil. O mais prudente seria em 2023 no circuito Barra-Ondina e ai ver para quando ficarão prontas essas obras e aí mudar”, disse.

A prefeitura de Salvador tem defendido que as intervenções urbanas que seriam realizadas na região, entre o Parque dos Ventos de Salvador, na Boca do Rio, e a região de Pituaçu, começam em cerca de 50 dias.

Segundo Nery, a reunião desta terça vai apresentar discussões e situações que ocorrem desde a última assembleia.

“Estamos com a missão de ouvir quem faz a festa. Ouvimos foliões artistas, blocos afros, blocos de trio, moradores. Estamos com tudo isso para levar para o conselho. O que temos percebido é que existe um fervor. Mas o consenso é que precisamos ver as obras prontas. Agora o conselho é consultivo. Esperemos que o prefeito se posicione rapidamente (após manifestação do Comcar).”

Nery diz ainda que as mudanças dependem de questão estruturais e de atrações que viabilizem o novo circuito, mas que também fortaleçam os atuais, como o do Centro, primeiro e mais tradicional da folia.

Ele ainda defendeu que os diversos envolvidos no carnaval sejam contemplados com as mudanças. “Qualquer tipo de avanço depende de manter estruturas tradicionais que mantem paixão, religião e tudo, além de infraestrutura, iluminação, atrações e outras questões. Os integrantes do carnaval precisam estar contemplados”