Cesta básica de alimentos fica 1,82% mais barata no mês de julho em Salvador

Cesta básica de alimentos fica 1,82% mais barata no mês de julho em Salvador

10 de agosto de 2022 0 Por Rebeca Almeida

A pesquisa foi divulgada neste mês de agosto, pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).

Fonte: SEI | Foto: pixabay

Em julho deste ano, a cesta básica  de alimentos passou a custar R$ 494,74 em Salvador, representando uma redução de -1,82% em relação ao mês anterior, de acordo com o Boletim Cesta Básica, publicado pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). [veja abaixo a relação de itens e a variação dos preços].

Os resultados foram obtidos por meio de 2.013 cotações de preços coletados em 95 estabelecimentos comerciais (supermercados, açougues, padarias e feiras livres) da capital baiana.

Para a pesquisa, uma cesta básica de alimentos equivale ao conjunto de 12 itens com quantidades predefinidas dos produtos (arroz, feijão, farinha, carne, legume, fruta, óleo, café, leite, açúcar, pão e manteiga), constituída de forma balanceada em termos de proteínas, calorias, ferro, cálcio e fósforo, sendo suficiente para o sustento e o bem-estar de um trabalhador em idade adulta.

Dos 12 produtos da cesta básica, cinco apresentaram redução nos preços, a saber:

  • tomate (-16,33%)
  • óleo de soja (-4,74%)
  • carne bovina (-3,73%)
  • café moído (-1,18%)
  • arroz (-0,77%)

Registraram elevação nos preços:

  • leite (22,68%)
  • banana-prata (3,67%)
  • manteiga (1,85%)
  • açúcar (1,76%)
  • farinha de mandioca (0,83%)
  • pão francês (0,54%)
  • feijão (0,47%)

Em Salvador, no mês de julho de 2022, o tempo de trabalho gasto por um trabalhador para obter a cesta básica foi de 97h 5min, comprometendo 44,13% da sua renda. Na análise, considerou-se um salário mínimo líquido no valor de R$ 1.121,10, descontando-se 7,50% de contribuição previdenciária do salário bruto de R$ 1.212.

No mês, os produtos com as maiores participações no valor da cesta básica foram a carne bovina (26,55%), o pão francês (16,38%) e o tomate (14,41%). Por outro lado, os itens com as menores participações foram o açúcar cristal (2,65%), o óleo de soja (2,08%) e o café moído (1,86%).

O que afetou os preços

A redução do custo da cesta básica de Salvador no mês de julho ocorreu em virtude do aumento da oferta de alguns dos produtos por razões externas, climáticas e por causa do período de safra. Foi o caso, por exemplo, do tomate, produto que apresentou maior queda do preço no mês. As elevadas temperaturas ajudaram na maturação do fruto. Além disso, esta situação climática não comprometeu a qualidade do mesmo, o que favoreceu a elevação da oferta do produto e, por conseguinte, promoveu a redução do preço ao consumidor no mês de julho.

A retração da demanda pela soja brasileira por parte da China, devido ao novo lockdown naquele país, fez com que os preços dessa oleaginosa caíssem no mercado interno. Contribuíram também para a diminuição dos preços, o excesso de estoques da indústria processadora de soja brasileira, que fez com este segmento procurasse menos pelo grão junto aos produtores. Estes fatores combinados ajudaram a derrubar os preços dos derivados, principalmente, o do óleo de soja.

A perda do poder de compra dos brasileiros está influenciando o consumo da carne bovina, pois, diante dos preços elevados, as pessoas reduziram o consumo deste produto em função de outras proteínas mais baratas, como é o caso das carnes de porco e de frango, além de demandarem mais por ovos. Logo, a menor procura pela carne bovina pressionou os preços para baixo no mês de julho.

No que diz respeito ao café moído, houve redução nas cotações do preço nos mercados internacionais por causa de uma possível recessão global em 2023. Internamente, o clima favorável e a boa safra em estados grandes produtores como Espírito Santo (que tem feito uma colheita de alta produtividade) e Rondônia também ajudaram a derrubar o preço do café moído no mês de julho.

Houve leve queda nos preços do arroz no mês de julho, mas a tendência, segundo analistas do mercado, é que haja uma mudança neste comportamento, uma vez que os preços baixos e a valorização do dólar frente ao real devem fazer com que ocorra um aumento das exportações deste grão no segundo semestre de 2022, o que poderá pressionar os preços internos para cima.

Os preços do leite e de seus derivados têm apresentado elevação expressiva. De janeiro a julho, a alta acumulada na cesta básica de Salvador é de 47,56% para o leite e de 20,60% para a manteiga.

Os fatores que têm contribuído para esta elevação são os aumentos dos custos de produção resultantes da alta dos preços dos fertilizantes por causa do conflito entre a Ucrânia e a Rússia – sendo este último, um grande fornecedor deste insumo para o Brasil – e o clima mais seco, que afeta a pastagem.

Por sua vez, os preços da banana prata subiram no maior produtor baiano da fruta, o município de Bom Jesus da Lapa, devido à baixa oferta do produto. Outras regiões produtoras como a cidade de Linhares no estado do Espírito Santo, o Vale do Ribeira em São Paulo, o norte de Santa Catarina e de Minas Gerais apresentaram aumentos em virtude também da baixa oferta do produto decorrente das baixas temperaturas, que provocaram atrasos no amadurecimento dos frutos.

No que diz respeito ao açúcar cristal, a produção acumulada deste adoçante teve uma redução de 17,38% na primeira quinzena de julho desde o início da safra 2022/23. 

Tamanha queda na produção acaba pressionando os preços para cima, reverberando para o consumidor final. A baixa oferta da raiz da mandioca por parte dos produtores somada aos problemas do clima seco (que dificultam a colheita) ajudaram a elevar um pouco o preço da farinha de mandioca no mês de julho.

A leve alta do pão francês se deu em função dos problemas na produção do trigo na Argentina, maior vendedor do cereal para o Brasil. Entretanto, a expectativa é que o acordo entre Rússia e Ucrânia (dois dos maiores produtores mundiais de trigo) para voltar a exportar o produto dê início a uma trajetória de queda nos preços do cereal, o que pode estimular a redução do preço do pão francês para os próximos meses.

Já o feijão experimentou leve aumento, porém, bem menor do que o registrado no mês de junho. A razão do arrefecimento da alta dos preços é o início da chamada Safra das Águas, período que se iniciou no mês de julho, elevando a oferta do produto e fazendo com que o preço desta leguminosa adquirisse um viés de queda a partir do mês em análise.