Creche Béu Machado pede ajuda para continuar atendendo as crianças da Boca do Rio

Creche Béu Machado pede ajuda para continuar atendendo as crianças da Boca do Rio

24 de setembro de 2023 0 Por Marcelo Garcia

Creche comunitária chegou a atender 350 crianças, mas hoje, no espaço improvisado, é possível receber apenas 55

Fonte: Correio 24h* | Foto: Marina Silva/Correio 24h*

A creche Béu Machado é famosa no bairro da Boca do Rio, em Salvador, pelo acolhimento que oferece às crianças da comunidade, com aulas, espaço de lazer e quatro refeições diárias. Mas desde que perdeu a sua sede em 2019 e passou a funcionar na casa da fundadora da instituição, vem pedindo socorro para continuar com as portas abertas, depois de 35 anos funcionando.

Faltam alimentos não perecíveis, produtos de higiene, papelaria, brinquedos, dinheiro para arcar com as contas de luz e água, além de uma infraestrutura que possibilite o atendimento do mesmo número de crianças acolhidas na antiga sede, que já chegou a 350 simultaneamente. Hoje, no espaço improvisado, é possível receber apenas 55 crianças e já há 54.

A antiga sede, que fica ao lado da atual, onde vive dona Maria José da Silva Machado, mais conhecida como dona Neném, pertence ao governo do estado e foi desocupada após o fim da parceria firmada há quase três décadas. A instituição sempre viveu de doações, mas desde então, segundo dona Neném, passou a depender ainda mais da ajuda de doadores para se manter.

Quando falta alguma coisa, dona Neném recorre ao proprietário de um mercadinho do bairro que vende os produtos fiado e com a doação de um restaurante também localizado na Boca do Rio. Mesmo acometida pelo mal de Parkinson e pela Diabetes, dona Neném não exitou em levar a creche para dentro da própria casa – onde ela ocupa apenas o quarto que dorme -, nem de continuar lutando para manter o projeto de pé. “Eu sempre corri o risco de fechar a creche, mas nunca fechou e tenho fé de que dessa vez não será diferente”, almeja dona Neném, de 76 anos.

O trabalho que dona Neném começou com o marido dela, o jornalista, escritor e poeta Béu Machado, em 1986, atravessa gerações e continua transformando a vida de quem mais precisa. O marido da auxiliar de confeitaria Daiane Santos, 35 anos, estudou na creche quando era criança, depois a filha deles, de 14 anos de idade, passou a estudar, e agora a filha caçula do casal também estuda, a pequena Cauane, de 3 anos.

Para Daiane, ver a creche passando por uma crise é motivo de tristeza. “Se não fosse a Béu Machado, a minha filha de 14 anos teria que ficar com Cauane em casa, porque eu trabalho o dia todo e o pai delas pega [o trabalho] à tarde. Ela também se desenvolveu muito aqui. Não comia em casa, agora já está comendo, brinca bastante, conversa e gosta muito daqui”, conta a mãe de Cauane.

A cabeleireira Vanessa Cerqueira, 35, cresceu ouvindo a fama positiva da creche Béu Machado. Depois de se tornar mãe de Gael, de 2 anos, começou a procurar creches para matriculá-lo no turno em que ela trabalha, mas não sabia que a instituição aceitava crianças com menos de 2 anos – Gael tinha um ano e quatro meses quando entrou na creche Béu Machado.

A informação veio de uma colega que já tinha uma filha matriculada na instituição e que afirmou ter achado a creche Béu Machado a “mais aconchegante, acolhedora e que gostou da estrutura e dos profissionais” entre as que visitou na Boca do Rio antes de efetivar a matrícula da filha.

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Quase um ano depois, Vanessa faz a mesma avaliação. “Gael está se desenvolvendo bastante, comendo sozinho, que não comia. Estou tentando desfraldá-lo, mas antes disso as meninas daqui já estavam trabalhando isso com ele. Gael está falando. A médica dele já tinha indicado a matrícula, mas eu tive medo. Hoje ele sabe até quando dizer obrigado e por favor”, destaca.

A creche Béu Machado atende crianças de 1 ano e meio até 10 anos e conta com 10 colaboradores entre professoras – algumas que já estudaram lá – secretária, faxineira, entre outros. A mais recente a integrar o grupo foi Maria Carolina Santos, há três meses, no setor de captação de recursos e reformulação da marca.

Carolina se juntou à equipe especialmente para a função, depois de ver um trabalho tão importante como o de dona Neném, correr o risco de cair no esquecimento e fechar as portas. Assim como tantas pessoas que trabalham na instituição recebendo apenas uma ajuda de custo que chega a no máximo R$500 para os professores, fruto de contribuições em dinheiro de alguns pais e de bazares organizados por dona Neném, parentes dela também trabalharam lá.

Quem quiser e puder contribuir com a causa deve entrar em contato com a instituição pelo número (71) 99905-0550 e informar a doação que deseja fazer, seja financeira ou material. O número também é uma chave pix, registrada no nome de Maria José da Silva Machado.