Dia do Capoeirista: conheça o professor ‘Elástico’, morador do bairro que luta há quase 30 anos

Dia do Capoeirista: conheça o professor ‘Elástico’, morador do bairro que luta há quase 30 anos

3 de agosto de 2022 0 Por Rebeca Almeida

Para celebrar a data, nesta quarta-feira (3), conversamos com o professor de capoeira Igor Leon de Oliveira, conhecido como ‘Elástico’; confira.

Fonte: Redação | Fotos: Arquivo pessoal

Nesta quarta-feira (3) é comemorado o dia do capoeirista. Para celebrar a data, o BDRM conversou com o capoeirista Igor Leon de Oliveira, conhecido como Elástico. Ele faz parte do Grupo Internacional Mundo Capoeira e também dá aulas no projeto social Esporte e Arte na Igreja, da Igreja Batista do Cordeiro, que fica na Rua Heitor Dias, na Boca do Rio.

O professor começou a praticar capoeira aos 4 anos de idade, no ano de 1994, no Circo Picolino, quando este ainda ficava localizado na Boca do Rio. “Quem dava aula nessa época era o mestre Valdir Axé e quando ele viajou pra morar na Inglaterra eu dei seguimento na capoeira treinando com meu tio Paulino, que é mestre do grupo Angola Palmares”, relembra.

Patrimônio imaterial

A prática da capoeira é reconhecida como um patrimônio cultural imaterial brasileiro, de acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão vinculado ao Ministério da Cultura. Atualmente, essa manifestação cultural é praticada em mais de 160 países, por pessoas de todas as idades.

Mas até chegar neste ponto, a prática sofreu muito preconceito. Até meados do século XX, praticar capoeira no Brasil era considerado um crime. Por isso os capoeiristas lutam e ainda lutam constantemente pelo reconhecimento e valorização desta arte marcial, que é originalmente típica da região Nordeste do país, em especial na Bahia. Para Elástico, o reconhecimento é uma grande vitória e quanto mais se celebra o dia do capoeirista, mais a prática é vista.

“A capoeira vem lutando há mais de cem anos para ser reconhecida. Para nós é uma grande vitória [celebrar este dia]. Mas a capoeira ainda continua lutando pelo seu reconhecimento. Quanto mais celebramos o nosso dia, mais a capoeira é vista e as pessoas conseguem reconhecer importância e o trabalho que a gente vem fazendo”, destaca.

Para além de uma luta, o professor Elástico comenta que esta prática também é muito importante como forma de disseminação do português e da cultura brasileira pelo mundo afora.

“Todos os golpes e todas as músicas são cantadas em português e as pessoas que praticam capoeira no exterior ficam com vontade de conhecer o Brasil, principalmente a Bahia, justamente, por conta de toda a história da origem da capoeira”, explica.

A capoeira surgiu no Brasil entre afro-brasileiros escravizados, em meados do século XVII. Para se defender dos golpes que recebiam dos capatazes, os cativos passaram a empregar movimentos rápidos para se desviar do chicote e aplicar, com os pés, pancadas no adversário.

Capoeira no bairro

Na Boca do Rio há muitos praticantes de longa data. Atualmente, o bairro conta com atividades do projeto MUS-E BRASIL, que sediou o XI IÊ Berimbau Capoeira Festival, em julho deste ano.

Participaram desse evento capoeiristas de diversos locais do Brasil e do mundo, produtores culturais, arte-educadores, moradores do bairro e comunidades vizinhas. O projeto funciona na Rua do Caxambé, e tem aulas dias de segunda, quarta e sexta.