Mães da Boca do Rio: conheça a história da baiana Mary de Oliveira

Mães da Boca do Rio: conheça a história da baiana Mary de Oliveira

11 de maio de 2022 0 Por Rebeca Almeida

Nova séria de matérias do Boca do Rio Magazine, vai falar sobre mulheres, moradoras da Boca do Rio, que batalharam para criar os filhos

Fonte: Redação | Foto: Redação / arquivo pessoal

Foto: Rebeca Almeida | Boca do Rio magazine

Em homenagem ao Dia das Mães, que foi no último domingo (8), o Boca do Rio Magazine inicia uma séria de matérias sobre mulheres, moradoras da Boca do Rio, que batalharam e ainda lutam para conseguir criar os filhos. Nessa data especial, compartilhar essas histórias é uma forma de homenagear todas as mães, em especial as moradoras do nosso bairro. 

A baiana de acarajé Rosimary de Oliveira, ou somente Mary, é uma figura conhecida na região do final de linha. Mãe de dois filhos, moradora muito antiga, a baiana ocupa o ponto onde trabalha desde 1984, aos 19 anos, ali ao lado da farmácia Drogasil. 

Publicidade

Mary conta que chegou na Boca do Rio em 1969, aos 4 anos, com a mãe e a primeira ‘leva’ de moradores, que vieram pra cá após uma desocupação no bairro de Ondina. Viu quando ainda havia uma fonte na região do final de linha, assistiu às mudanças do comércio local, e também viu quando finalmente ônibus começaram a circular na região. 

“Antigamente só tinha ônibus lá na orla… e não era aqui perto não, era lá longe, do outro lado.”, relembra. 

Mary começou a trabalhar aos 9 anos. Foi babá, faxineira, doméstica. Aos 19 aprendeu, com a mãe, a arte da culinária baiana. As duas então passaram a trabalhar juntas, já no ponto atual do final de linha. Sete anos depois a mãe de Mary faleceu, mas a jovem, que estava com 26 anos e já era mãe de duas crianças, continuou trabalhando no mesmo lugar. 

Os anos se passaram e ela seguiu firme, sempre no mesmo ponto, onde várias pessoas que passam a cumprimentam. Daqueles anos para cá, Mary conta que o período mais difícil foi recentemente, em 2021, quando a pandemia de coronavírus fez com que ela tivesse que parar de trabalhar. 

Nesse período, assim como vários empreendedores, ela também reforçou as entregas delivery. Foi quando criou o perfil no instagram @rosemaryalt71, que segue com o serviço até hoje. 

Foto: acervo pessoal

Família
Mary é mãe de Priscila de Oliveira, 38 anos, e Mateus de Oliveira, 27 anos. Além disso, a baiana é avó de Clara Luise, de 13 anos.

Todos moram com ela na mesma casa, na Boca do Rio. Mary garante que, apesar de adultos, “filho nunca cresce”. Ela explica que, “como mãe, o tempo passa, mas a preocupação só aumenta”, brinca, mas o sentimento é sério. 

“Eu fico muito preocupada com meu filho mais novo, que adora sair à noite. A menina é mais quieta”, explica. 

Foto: acervo pessoal

Essa preocupação com a violência urbana é justamente o único defeito que Mary destaca no bairro. Compara como o medo cresceu ao longo dos anos e que por isso, às vezes, pensa em se mudar para outro lugar, no entanto, foi aqui que ela conseguiu construir a casa própria e acredita que não vale a pena sair para morar de aluguel. 

“Eu batalhei muito para conseguir essa casa, que construí sozinha, sem que meu marido soubesse”, relembra

Ela explica que antes de conseguir comprar a casa, morava com o marido e pai de seus filhos, Raimundo Barbosa, na casa da sogra. 

Publicidade

Casados há 40 anos, ela conta que eles se conheceram ainda na escola e após alguns percursos acabaram se apaixonando e ficando juntos até hoje. No entanto, a morada na casa da sogra era um fator de atrito entre o casal. 

“Eu não me dava bem com ela e, nesse ponto, era a única coisa que Raimundo não me dava apoio, porque ele queria continuar morando lá”, explica

Foi durante uma discussão gerada por essa situação que eles quase terminaram de vez o relacionamento. “A gente brigou feio, eu peguei minha filha que estava com dois anos na época e vim para a casa que eu tinha comprado sem ele saber. Só tinha paredes e o teto, mas eu vim mesmo assim. Dias depois ele veio atrás da gente e estamos aí até hoje”, relembra.  

Este ano, mais uma vez, Mary passou o Dia das Mães com a família e deixa um recado: “Presente têm que ser pra pessoa usar: roupa, perfume, essas coisas. Nada de coisas para casa”, finaliza.

Covid-19: Uso de máscara é parte...