Orquestra Rumpilezz lança primeiro álbum após morte de Letieres Leite

Orquestra Rumpilezz lança primeiro álbum após morte de Letieres Leite

19 de maio de 2022 0 Por Rebeca Almeida

Maestro concluiu a gravação ainda em vida, em 2021. O músico foi morador da Boca do Rio; relembre.

Fonte: Redação / Correio* | Foto: Divulgação

O terceiro álbum da Orquestra Rumpilezz foi lançado nesta quinta-feira (19). Com sete faixas instrumentais, o trabalho foi concluído quando o maestro Letieres Leite ainda estava vivo. O músico morreu no ano passado, aos 61 anos, em decorrência de complicações com a Covid-19.

O álbum ‘Moacir de Todos os Santos’ é uma homenagem à um dos trabalhos mais importantes da música brasileira, o álbum ‘Coisas’, do pernambucano Moacir Santos. Lançado em 1965, o LP de sambajazz tinha dez faixas, todas chamadas de Coisa, acompanhadas apenas de um número para diferenciá-las: Coisa Nº1 até Coisa Nº 10.

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Em entrevista ao Correio*, Sylvio Fraga, que divide com Pepê Monnerat a produção de ‘Moacir de Todos os Santos’, contou que Letieres era “apaixonado” pela obra do pernambucano:

“Ele dizia que Coisas era o Kind of Blue [álbum clássico de Miles Davis] do Brasil. Letieres conhecia o Coisas tão bem, que escreveu os novos arranjos sem sequer precisar consultar os originais”.

O resultado do álbum entusiasmou Letieres, que chegou a ouvi-lo exatamente como o público vai conhecer.  Além do disco, as gravações renderam um documentário, que leva o mesmo nome do álbum e será exibido hoje no Canal Arte1, da TV por assinatura. A direção é de João Atala, Michael Atallah e Sylvio Fraga.

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Morador da Boca do Rio
Para quem não sabe, o maestro Letieres Leite foi morador da Boca do Rio. Ele passou parte da vida na Rua Caxundé e na região da Praia do Corsário, onde ainda vivem amigos e familiares.

Ele morreu no dia 27 de outubro de 2021, em decorrência da Covid-19. O arranjador, compositor e idealizador da Orquestra Rumpilezz sofria de asma crônica, quadro que foi afetado após a contaminação pelo coronavírus.

Ao longo da carreira, ele teve passagens pelo sul do país, onde tocou na Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA). Passou pela Áustria, onde ingressou no Franz Schubert Konservatorium, em Viena e lecionou no curso de extensão em saxofone na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

O maestro gravou com grandes nomes da música brasileira como Gilberto Gil, Ivete Sangalo, Daniela Mercury, Elza Soares, Timbalada, Gerônimo, Hermeto Pascoal e outros.

Após voltar de Viena em 1985, o maestro recomeçou suas pesquisas sobre o universo percussivo baiano e em 2005 fundou o projeto Rumpilezz, nascido no Teatro Gamboa. Em 2006 surgiu a Orkestra Rumpilezz, conjunto de percussão e sopros que, de acordo com o artista, acrescenta à música ancestral baiana uma roupagem harmônica moderna.

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